terça-feira, 13 de janeiro de 2009

A Arte do Desapego

Este texto foi retirado do livro “Quando tudo se desfaz” da monja budista Pema Chödrön, que trata a felicidade como algo alcançável, mas que muitas vezes, ironicamente, na tentativa de evitar a dor o sofrimento a perdemos de vista.


[...] “Em tudo que fazemos, podemos explorar esses pares de opostos tão familiares. Em vez de cair automaticamente nos padrões habituais, podemos começar a perceber como reagimos quando alguém nos faz um elogio. Como reagimos quando alguém nos culpa? Como reagimos quando perdemos alguma coisa? E quando achamos que ganhamos algo? Quando sentimos prazer ou dor, isso é simples? Apenas sentimos prazer ou dor? Ou existe todo um roteiro que se desenrola paralelamente?


[...]Estranhamente, uma curiosidade começa a cortar pela raiz o que chamamos de sofrimento do ego ou egocentrismo e enxergamos com mais clareza. Normalmente, somos levados por sentimentos de prazer e dor. Somos levados por eles em qualquer dessas direções reagimos com nosso estilo habitual e nem ao menos percebemos o que está acontecendo. Antes de nos darmos conta, já escrevemos uma novela sobre os grandes erros de alguém, sobre nossos grandes acertos, ou sobre nossas justas razões para conseguir isso ou aquilo. Quando começamos a compreender esse processo com um todo, ele se torna muito mais leve.



[...]Permitir que as coisas se dissolvam, às vezes, chamado de desapego, mas sem a qualidade fria e distante que, freqüentemente, se associa a essa palavra. Neste caso, o desapego inclui mais bondade e uma profunda intimidade. Na verdade é um desejo de conhecer, semelhante à curiosidade de uma criança de 3 anos. Queremos conhecer nossa dor para pararmos de fugir interminavelmente. Queremos conhecer nosso prazer para podermos parar de agarrar continuamente. Então, de algum modo, nossas perguntas tornam-se mais amplas, e nossa curiosidade, mais vasta. Queremos entender a perda, de um modo que possamos compreender os demais quando sua vida desmorona. Queremos entender o ganho, para que possamos compreender outras pessoas quando estão encantadas ou quando se tornam arrogantes, empolgadas e envaidecidas.



[...]Começamos simplesmente olhando para nossos próprios corações e mentes. Provavelmente começamos a olhar porque nos sentimos inadequados ou estamos sofrendo e queremos entrar nos eixos. Começamos a compreender que, assim como nós, outras pessoas estão também sendo fisgadas pela esperança e medo. Nossa motivação começa a mudar e desejamos nos tornar mais suaves e sensatos pelo bem de outras pessoas. Ainda desejamos ver como nossa mente funciona e como somos seduzidos pelo mundo, mas não mais apenas por nós mesmos. Passa a ser pelo dilema humano em sua totalidade.”


Boa noite
*Alice

2 comentários:

  1. Ahh eu bem que queria ser mais tolerante, má naum dá, meu sangue latino naum deixa.

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  2. Amei este post....

    Parabéns pelo conteúdo do blog..está lindíssimo.

    Beijos querida.

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